Poderá Blockchain garantir certos aspectos como a privacidade e a protecção de dados?

GMV explains what Blockchain is and how a digital identity network could be set up to access the services that need our data, without needing to sign up in all of them

De cada vez que nos registamos num serviço de internet assinamos um contrato que muito pouca gente lê na sua totalidade e que envolve a concessão de uma autorização para que a nossa identidade digital seja vigiada e analisada, facultando os nossos dados e deixando que os utilizem praticamente à vontade. O problema é evidente: aceitamos certos serviços sem considerarmos a utilização de dados pessoais, ou seja, sem perguntarmos onde estão armazenados, quem terá acesso a eles ou o que farão com eles.

Nesta linha, a Universidade Politécnica de Valência organizou uma jornada centrada na privacidade, proteção dos dados e cibersegurança. Esta jornada contou com a intervenção de peritos na matéria, tais como Ricard Martínez, Diretor da Cátedra de Privacidade e Transformação Digital da Universidade de Valência, e Carlos Sahuquillo, Consultor de Cibersegurança da GMV.

Entre outros temas, Ricard Martínez tratou do modo como nos afeta o Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD), que regula, a nível europeu, tudo o que se relaciona com a privacidade e proteção de dados, além das consequências que esta lei tem sobre o desenvolvimento de algoritmos que tratam com dados pessoais. Durante a sua exposição enfatizou a proteção de dados desde a conceção, mostrando alguns exemplos perniciosos de privacidade em fase de conceção, relacionados fundamentalmente com redes sociais.

Por sua vez, Carlos Sahuquillo complementou esta primeira intervenção expondo o caso dos sistemas de navegação nos automóveis como outro exemplo que evidencia como a privacidade e a segurança costumam ser ignoradas nas fazes de conceção e implementação. Trata-se de situações em que não se tomam medidas enquanto não existe uma vulnerabilidade ou um problema de cumprimento legal. Neste caso, os sistemas de navegação para veículos não cumprem com o RGPD, visto que não eliminam os dados da agenda e mensagens recebidas dos telemóveis associados por Bluetooth.

Além disso, Sahuquillo explicou o que é o Blockchain e como se poderia criar uma rede de identidade digital com esta tecnologia para se ter acesso a todos os serviços que necessitam dos nossos dados, sem ser preciso registarmo-nos em todos. Isto implicaria uma espécie de repositório partilhado de dados digitais, mas utilizando como base a tecnologia de Blockchain de maneira a podermos assegurar a identificação da origem, a integridade e confidencialidade de todos os dados armazenados.

A título de conclusão, uma vez terminadas ambas as palestras, questionou-se se a rede proposta por Sahuquillo poderia cumprir o RGPD e quais as alterações a fazer nessa legislação para que o Blockchain pudesse satisfazer todos os requisitos atuais. Por exemplo, esta proposta não poderia harmonizar-se com o direito ao esquecimento refletido no RGPD pela própria natureza do Blockchain.

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