Início Para trás New search Date Min Max Aeronáutica Setor Automóvel Corporativo Cibersegurança Defesa e Segurança Financeiro Saúde Indústria Sistemas inteligentes de transporte Serviços públicos digitais Serviços Espaço Blog Voos espaciais tripulados Missão Axiom 4: uma viagem privada à ISS 17/11/2025 Imprimir Partilhar «Ground Control to Major Tom, Ground Control to Major Tom, take your protein pills and put your helmet on» é o famoso início da canção Space Oddity de David Bowie, lançada em 1969. Porquê esta canção? Enquanto controlador de terra (GC) que trabalha para o módulo Columbus da ESA na ISS, dou por mim a repeti-la mentalmente sem parar. Que relação tem com a missão Axiom 4? Não tem, mas dá-me a oportunidade de falar sobre a ISS e o meu trabalho no espaço. Damos um passo atrás para contextualizar.No website da NASA encontramos a seguinte definição: «A Estação Espacial Internacional é o lar da humanidade no espaço e uma estação de investigação que orbita cerca de 250 milhas (400 km) sobre a Terra». Entre 1984 e 1993 foi criado o programa da Estação Espacial Internacional, no qual participaram cinco agências espaciais e os seus adjudicatários: NASA (Estados Unidos), Roscosmos (Rússia), ESSA (Europa), JAXA (Japão) e CSA (Canadá). O primeiro módulo da Estação está em órbita desde 1998 e, ao longo dos anos, foram acrescentados novos módulos, incluindo o Columbus em 2007, que representa a maior contribuição individual da ESA para o programa da ISS.A Estação Espacial está ocupada de forma contínua há 25 anos, desde que a tripulação da Expedição 1 chegou a bordo a 2 de novembro de 2000. Desde então, foi visitada por mais de 280 astronautas. Normalmente, cada tripulação permanece a bordo entre 5 e 8 meses, embora em alguns casos os astronautas possam passar até um ano inteiro em órbita. O que fazem os astronautas no seu dia a bordo além de captarem incríveis fotografias da Terra? Realizam experiências científicas em microgravidade, estudam o contexto do espaço e asseguram a manutenção da ISS. A microgravidade permite às equipas de investigação em terra realizar experiências num contexto único, impossível de reproduzir plenamente na Terra. As cargas úteis que contêm as experiências científicas e o equipamento necessário são enviadas juntamente com a tripulação, ou com foguetões de carga, e cabe aos astronautas instalarem-nas, operá-las e mantê-las. Como conseguem os cientistas na Terra controlar à distância as experiências realizadas no espaço? Graças aos Centros de Controlo de Missão espalhados pelo mundo e ao trabalho das Equipas de Controlo em Terra e em Voo! Cada agência espacial tem o seu próprio Centro de Controlo, sendo o mais famoso, sem dúvida, o Centro Espacial Johnson da NASA em Houston, no Texas («Houston, temos um problema!» soa familiar?). A ESA opera o Col-CC, Centro de Controlo Columbus, situado em Oberpfaffenhofen, perto de Munique, na Alemanha, no GSOC — Centro Alemão de Operações Espaciais no campus do DLR (Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt. As equipas de operações do Col-CC prestam apoio às missões a partir da consola, trabalhando geralmente em turnos de 8 horas. Alguns postos, como o GC, contam com pessoal 24 horas por dia, 7 dias por semana, para garantir vigilância e controlo contínuos. A GMV é um dos maiores adjudicatários do DLR/ESA, e muitas das equipas de Operações e Engenharia do Col-CC são lideradas por funcionários da GMV.Tudo claro até agora? Após esta longa introdução, falemos finalmente da Axiom e da sua importância para as operações espaciais. Em 2016, um gestor de programas da ISS na NASA, já aposentado, fundou a Axiom Space com o objetivo de atuar no mercado emergente dos voos espaciais comerciais. Para além de um contrato com a NASA para o desenvolvimento de um novo módulo da ISS, a Axiom celebrou um contrato com a SpaceX para transportar astronautas comerciais à ISS. O que é que isso significa? Basicamente, a Axiom Space vende bilhetes caros para uma viagem curta à estação espacial. Os serviços incluídos no bilhete abrangem formação de astronautas, planeamento da missão, suporte vital e médico e certificações de segurança. Os clientes são indivíduos (multimilionários, naturalmente), empresas e agências espaciais.Cada missão é composta por quatro astronautas: um comandante experiente, contratado pela Axiom Space, e três «passageiros», com funções de piloto e especialistas de missão. Enquanto as duas primeiras missões — Ax-1 (2022) e Ax-2 (2023) tinham um foco mais comercial, com empresários a bordo, as duas seguintes — Ax-3 (2024) e Ax-4 (2025) — centraram-se mais na vertente científica. A ESA participou nestas duas com os astronautas Marcus Wandt (sueco) e Sławosz Uznański Wiśniewski (polaco), respetivamente.As missões privadas como a Axiom são importantes para as operações espaciais. Em primeiro lugar, introduzem financiamento adicional num setor altamente dispendioso. O investimento de privados e governos contribui para aumentar recursos e a disponibilidade de tempo de tripulação destinado à ciência. Em segundo lugar, os países mais pequenos, ou sem uma tradição espacial consolidada, têm a possibilidade de enviar os seus próprios astronautas à ISS, o que representa um impulso no interesse nacional pelo espaço, inspirando as gerações mais jovens a seguir carreiras em ciência e tecnologia. Ao contrário das expedições regulares, as missões privadas são bastante curtas, de cerca de 15 dias, pelo que cada minuto conta. Os astronautas têm agendas extremamente intensas, com pouco tempo para se adaptarem ao novo contexto, e quase nenhum período para relaxar ou contemplar vistas. A preparação, planificação e execução das missões são altamente exigentes, mesmo para as equipas em terra. Alguns dias no espaço correspondem a meses de trabalho rigoroso a planificar cada detalhe, coordenar atividades com vários intervenientes, preparar experiências científicas, definir os objetivos da missão, entre outros detalhes.A Axiom 4 esteve inicialmente prevista para 11 de junho de 2025, mas o lançamento foi adiado repetidamente devido a problemas técnicos e condições meteorológicas adversas, para alegria dos planeadores, que tinham de reprogramar diariamente todas as atividades. Finalmente, o foguetão SpaceX partiu do Centro Espacial Kennedy de Cabo Canaveral (Florida) a 25 de junho, acoplando-se à ISS para uma estadia de 18 dias. O regresso ocorreu a 15 de julho de 2025, com amaragem no Oceano Pacífico, ao largo de San Diego (Califórnia). Cada equipa do Col-CC selecionou um chefe de equipa para a missão Ax-4. Este pequeno grupo, no qual me incluo, trabalhou ativamente com a ESA, a Axiom Space, a NASA, a Agência Espacial Polaca (POLSA), investigadores e o próprio astronauta Sławosz para preparar e apoiar a missão. Após o lançamento, a equipa trabalhou todos os dias, incluindo os fins de semana, a partir de uma sala de controlo específica no Col-CC. Contar com pessoal da ESA na consola exclusivamente centrada no Axiom 4 contribuiu enormemente para o êxito da missão.Embora a GMV não estivesse diretamente envolvida na Axiom 4, muitos dos seus funcionários tiveram um papel fundamental em todas as fases da missão, levando um pouco da excelência da GMV para o espaço!No geral, a missão teve um êxito maior do que o esperado. Sławosz completou perto do 130% dos objetivos da missão! Como? Graças à sua preparação, trabalho duro e compromisso, conseguiu concluir todas as tarefas obrigatórias e ainda alcançar alguns objetivos secundários. Como afirmou Sławosz quando veio visitar o Col-CC para a revisão da missão, este resultado não teria sido possível sem o entusiasmo, a dedicação e o profissionalismo de todas as equipas de terra envolvidas!Author: Massimiliano Concetti Imagem retirada de https://www.esa.int/ESA_Multimedia/Images/2025/04/Up_for_spaceMais informações sobre a missão IGNIS (Ax-4): https://www.esa.int/Science_Exploration/Human_and_Robotic_Exploration/ignis/ Imprimir Partilhar Comentários O seu nome Assunto Comente Sobre os formatos de texto Texto simples Não são permitidas etiquetas de HTML. As linhas e os parágrafos quebram automaticamente. Endereços de páginas Web e de e-mail transformam-se automaticamente em ligações. CAPTCHA Esta questão é para testar se você é um visitante humano ou não a fim de prevenir submissões automáticas de spam. Leave this field blank