Fraudes de Inteligência Artificial: Tipos, como detetá-las e medidas para as prevenir

A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente no nosso quotidiano, desde os assistentes virtuais que usamos em casa, até às recomendações personalizadas que recebemos ao navegar na Internet. Sem dúvida, esta tecnologia facilita a vida e abre um leque de possibilidades em múltiplas áreas. No entanto, nem tudo são vantagens.

Da mesma forma que usufruímos dos seus benefícios, também os cibercriminosos se aproveitam da IA, uma poderosa ferramenta para aperfeiçoar os seus esquemas e torná-los muito mais difíceis de detetar.

Assim, as fraudes potenciadas com inteligência artificial estão não só a tornar-se mais frequentes, como também mais complexas e realistas, colocando em risco tanto a nossa segurança pessoal como a de empresas e organizações em todo o mundo.

Neste artigo falarei sobre os principais tipos de fraudes com IA, como os pode identificar e, sobretudo, que medidas deve tomar para se proteger. Estar informado é o primeiro passo para navegar com confiança e segurança no atual contexto digital.

A IA permite aos autores de fraudes executar ataques mais realistas e personalizados. Entre os exemplos mais comuns estão:

• Deepfakes

Os deepfakes são vídeos manipulados de forma a levar os utilizadores a acreditar que estão a ver uma determinada pessoa, anónima ou conhecida, a fazer declarações ou a realizar ações que nunca aconteceram. Para criar estes vídeos recorrem-se a ferramentas ou programas baseados em inteligência artificial capazes de

trocar rostos em imagens e alterar vozes. Um exemplo típico é a simulação da voz de um gestor numa chamada telefónica para autorizar transferências bancárias, ou um suposto familiar em dificuldades a pedir dinheiro.

• Phishing potenciado por IA

Os cibercriminosos utilizam modelos avançados de linguagem para gerar e-mails

e mensagens altamente personalizadas, com base em dados recolhidos sobre a vítima. São também capazes de imitar o estilo de escrita de pessoas ou instituições de confiança. Isto aumenta a probabilidade de a vítima fornecer informações confidenciais ou aceder a ligações maliciosas.

• Chatbots falsos

Alguns cibercriminosos desenvolvem chatbots que imitam de forma convincente o comportamento de agentes de suporte legítimos, para obter dados pessoais, credenciais ou informações bancárias.

• Fraudes em redes sociais

Recorrendo a IA, são criados perfis falsos que enviam mensagens automáticas destinadas a fraudes românticas, pedidos de dinheiro, falsas ofertas de trabalho ou à disseminação de ligações que instalam malware.

Apesar de cada vez mais sofisticadas, existem indícios que podem ajudar-nos a detetar ou identificar este tipo de fraudes geradas por IA:

• Devemos prestar especial atenção a erros subtis no áudio, imagem ou texto. Os deepfakes ou mensagens geradas por IA podem conter imperfeições, como movimentos faciais ou gestos pouco naturais, vozes artificiais ou frases incoerentes.
• Pedidos urgentes ou fora do comum. Desconfie se lhe pedirem dinheiro, informações confidenciais ou que execute ações sob pressão.
• Incongruências na comunicação, como mudanças súbitas na forma de escrever, mensagens fora de horário habitual ou perguntas descontextualizadas podem ser sinais de alerta.
• Por último, devemos rever em detalhe ligações e ficheiros suspeitos, e-mails ou mensagens com links encurtados, ficheiros inesperados ou reencaminhamentos para websites estranhos.

Para reduzir o risco, devemos usar o senso comum para distinguir situações habituais de pedidos suspeitos, mas também adotar uma combinação de ferramentas e formação para nos protegermos:

• Confirmar sempre a autenticidade e a origem de pedidos urgentes antes de partilhar informações sensíveis ou realizar transferências — preferencialmente através de outro canal de comunicação. Manter-se atualizado sobre novas ameaças e tendências, e ensinar colegas e familiares a identificá-las, de forma a nos protegermos deste tipo de burlas.

• Utilizar ferramentas de segurança preventiva como antivírus, filtros antispam e

  soluções de verificação de identidade.

• Manter sistemas, aplicações e dispositivos atualizados para evitar vulnerabilidades que possam ser exploradas por IA maliciosa.

Ativar sempre que possível a autenticação multifator (2FA), dificultando o acesso indevido às contas, mesmo que uma palavra-passe seja comprometida através de engenharia social ou phishing.

Vejamos agora um exemplo prático de como estas fraudes podem afetar o nosso dia a dia. Imagine que recebe uma mensagem de vídeo em aparente aflição, a pedir uma transferência de dinheiro urgente porque se encontra numa situação de aflição, ou com uma urgência médica no estrangeiro. O número parece legítimo e a voz, gerada por IA, reproduz com precisão o tom, o sotaque e até algumas expressões típicas do seu familiar. A pressão e o contexto levam a confiar no pedido.

No entanto, se parar para verificar a situação através de outro canal, como uma mensagem direta ou uma segunda chamada para o número oficial, descobrirá que foi uma tentativa de deepfake criada a partir de áudios ou vídeos retirados das redes sociais do seu familiar. Este tipo de fraude está a tornar-se cada vez mais comum em todo o mundo.

Em conclusão, as fraudes potenciadas por inteligência artificial representam um desafio crescente para a cibersegurança global. À medida que a tecnologia evolui, também os métodos para enganar e manipular os utilizadores se tornam mais sofisticados. A melhor defesa é a informação e a vigilância ativa: aprender a reconhecer os sinais de alerta e adotar medidas preventivas é essencial para proteger a nossa identidade e património digital. Colocando em prática estes conselhos e recomendações, podemos contribuir para um ambiente digital mais seguro para todos.